terça-feira, 10 de novembro de 2015

Roupas adaptadas geram lucros e melhoram qualidade de vida

Mesmo com os benefícios, a pouca visibilidade dificulta investimentos na área de moda inclusiva e obrigada os empresários a aumentarem o preço das roupas

Moda Inclusiva / Foto Renata Margareth


Por Renata Margareth


Investir em roupas adaptadas pode gerar lucros e melhorar a qualidade de vida dos deficientes. Segundo o IBGE, no Brasil há mais de 45 milhões de pessoas com algum tipo de deficiência. Mesmo assim, ainda há setores que não investem neste público, como o setor têxtil.

É uma tarefa complicada comprar roupas, principalmente quando se tem alguma deficiência. A estilista Michelle Simões conta quais são os obstáculos na hora das compras. “A maior dificuldade que encontro é quando vou colocar uma calça e ela fica presa no quadril ou quando vou, por exemplo, em uma loja e não posso experimentar a calça porque não tem provador”, desabafa. Pela falta de acessibilidade e despreparo dos profissionais, os deficientes ficam insatisfeitos com o atendimento nas lojas.

Moda Inclusiva é quando um estilista pensa em criar peças adaptadas para seus clientes, ou seja, desde o croqui (desenho) até a confecção das roupas se é pensado nos detalhes que facilitam a vida dos deficientes. “A moda inclusiva ajuda o deficiente a ter voz de escolha e conforto em se vestir para várias situações rotineiras, que antes com a moda convencional não seria tão prático”, relata Gabriela Sanches, diretora do Concurso Moda Inclusiva realizado pela Secretaria de Estado dos Direitos da Pessoa com Deficiência.

Por ser uma área inovadora, é uma grande chance de surgir novos empresários. Ana Paula Peguim, coordenadora da Unidade de Atendimento Individual do Sebrae-SP, conta por que é lucrativo investir neste setor. “As pessoas com deficiência são grandes consumidores de produtos e serviços voltados para sua necessidade, a moda inclusiva não é apenas uma solução para se vestir ou proporcionar qualidade de vida, mas como também inserir essa pessoa no mercado e na sociedade”, declara. Os profissionais que investem nesta área, além dos lucros, possuem a satisfação de proporcionar autonomia aos deficientes.

Como há poucas lojas que oferecem estes produtos, os preços variam de R$ 100,00 à R$ 400,00, não são todos que possuem condições financeiras para comprar as roupas. A fisioterapeuta Dariene Rodrigues, criadora da loja virtual Lado B Moda Inclusiva, diz quais são as dificuldades em comercializar produtos adaptados. “A gente tem um custo, ainda um pouco alto, o qual é devido ao número pequeno de peças confeccionadas, mas também porque a gente acaba utilizando uma quantidade bem maior de tecido comparado a uma calça jeans normal. Os tecidos que utilizamos são bem mais caros”, comenta Rodrigues. As etapas da produção acabam encarecendo o produto final.

No Brasil, a moda inclusiva tem pouca visibilidade, o que dificulta novas ideias e investimentos nesta área. Em um futuro bem próximo, novas lojas e profissionais podem surgir, já que existe uma grande demanda vinda deste público.


Ouça a reportagem especial


0 comentários:

Postar um comentário